sinopse | Romeu e Julieta conheceram-se em uma estranha festa, em um dia no qual fazia sol ao mesmo tempo que chovia. Longe dos outros convidados, começaram a conversar para logo descobrir que não tinham nada, ou quase nada, em comum: Romeu falava mandarim, fazia tricô e visitava aldeias indígenas; Julieta viajava de trem, lutava sumô e lia história medieval. Essa conversa, ainda que parecesse um pouco desencontrada, foi aproximando os dois, derretendo qualquer possível barreira. No final da festa, quando os dois adormeceram sobre a mesa, um convidado ilustre, o Xeique Hispir, decidiu criar uma sobremesa em homenagem ao casal: o célebre quitute que mistura queijo com goiabada.
Em Romeu suspira, Julieta espirra, Maria Amália Camargo cria um poema bem-humorado com suaves doses de surrealismo e absurdo, em que o casal vai enumerando suas preferências que nada têm de ortodoxas: a menina gosta de andar de riquixá, o menino, de fazer tricô; ela torce para um time de futebol; ele, para uma escola de samba. Tanto um como o outro são personagens criativas e híbridas que não se encaixam em padrões de gênero e de comportamento. O afeto entre os dois surge a partir das diferenças, mais do que das similaridades.
Diferente do que ocorre na narrativa de Shakespeare, esse encontro nada tem de trágico. A autora se apropria do potencial lúdico e imaginativo da poesia, preocupando-se com a sonoridade das palavras e suas possibilidades inventivas. A principal característica deste livro é demonstrar, por meio do humor e da ludicidade, como duas pessoas tão diferentes em suas predileções podem combinar tão bem! Não por acaso, deram nome a um doce tão famoso e popular. |
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