Tese de doutoramento do Prof. Fedeli na Faculdade de História da Universidade de São Paulo de São Paulo, em 1988, mas de lá para cá o tema só ganhou atualidade, pois as visões de Ana Catarina Emmerick são hoje muito mais conhecidas do público lusófono do que eram 30 anos atrás.Com o crescimento da direita, a divulgação dessas visões é hoje muito maior. Mas o que poucas pessoas sabem é que elas são a concretização do plano dos gnósticos românticos de ter uma Escritura Sagrada, por assim dizer uma nova bíblia, que fundamentasse as suas posições doutrinárias esotéricas.E embora a parte mais conhecida das visões da freira alemã sejam as referentes à infância e à paixão de Jesus, ela começa no Gênesis. Um gênesis gnóstico cabalista, como seria de esperar e completamente contrário aos relatos da Sagrada Escritura.Muitos não sabem também que, para poder continuar com o processo de canonização dela, era preciso decidir se ela era ou não autora das heresias dos textos. Os Cardeais que julgaram a questão incumbiram o Pe. Winfried Hümpfner de estudar o problema mais profundamente. Em seu estudo ele conclui que a obra de Brentano era “mistificação científica intencional e que Brentano era o responsável por quase tudo o que havia nas visões de Katharina Emmerick.”Enfim, quem quer que seja o autor, o fato é que as visões de Anna Katharina Emmerick estão permeadas de doutrinas cabalística e esotéricas e é isso que o texto do Prof. Fedeli analisa magistralmente. E isso é importantíssimo notar hoje, porque, promovidas pela direita esotérica, disfarçada de católica, essas visões estão na moda entre os católicos. É importante notar que, além de aprovada pela USP, a tese foi enviada ao Vaticano e passou a integrar a série de estudos referentes às visões nas comissões que tratam do caso.