A Psicanálise é uma teoria sobre a clínica. Embora, a partir de seus conceitos, possam ser pensados aspectos da cultura e mesmo a contemporaneidade, é a clínica e o seu fazer que a concernem. Nesse sentido, como clínica, há uma direção à cura, à possibilidade de se manejar o sofrimento que, por ser psíquico, não é menos dor. Existencial, porém, esse sofrimento não pode ser mitigado, muito menos remitido. Há que se lidar com o sofrimento, nem que seja para, como diz Freud, deixar de ter uma “infelicidade neurótica e ter uma infelicidade comum”. Assim, a partir de outros autores psicanalistas que já o tinham feito, pensamos na cura do queijo – operação que o tempo faz sobre esse alimento, saborizando e apurando suas características. Dessa alusão, a cura na Psicanálise como cura à mineira. E, nisso, a reflexão necessária sobre as profissões impossíveis da humanização – curar, educar e governar – e o desafio de psicanalisar.