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Livro - Castro Alves
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Livro - Castro Alves

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O livro de Alberto da Costa e Silva sobre Castro Alves é um misto de perfil ensaístico e crítica literária. Ele busca não só compor o desenho biográfico do poeta da abolição, como também definir seu lugar na literatura e na história nacional. O ponto de partida do perfil é a escravidão, que dava base à vida brasileira. O ponto de chegada é também a escravidão, mas dessa vez abolida. Entre os dois pontos está a curta trajetória de Castro Alves, que morreu com apenas 24 anos e, no entanto, teve papel importantíssimo na libertação dos escravos e na crítica ao sistema de uma forma geral. A existência do sistema escravocrata influenciou aberta e diretamente a vida do poeta. A mãe de Castro Alves morreu quando ele tinha doze anos. Seu pai se casou outra vez, com uma vizinha, uma viúva de posses, Maria Ramos Guimarães, que fora casada com um proprietário de navios negreiros. Em que pese a presença maciça e ostensiva dos escravos em todas as cidades onde o poeta viveu, o arauto da abolição parece ter tido pouca curiosidade em saber quem eram os escravos brasileiros, o que pensavam e sentiam, como viviam antes de serem submetidos ao cativeiro. A revolta de Castro Alves foi principalmente moral. Ainda muito moço ele definiu seu credo republicano, libertário e, sobretudo, adotou o papel de inimigo da escravidão. Sentia o "borbulhar do gênio", queria ser grande poeta. Mas não poeta em abstrato, e sim poeta político. O engajamento de Castro Alves dá origem a uma poesia fascinante e arrebatadora. Mas ainda mais interessante é o fato de os escravos da sua literatura serem sobretudo resultado de um imaginário romântico, que dialogou com modelos africanos distantes da nossa realidade. Nos poemas de Castro Alves, a África de onde vieram os cativos é uma paisagem de desertos, areais, camelos e beduínos. É a África do Norte, do Saara ao Egito, e não a das florestas tropicais. Seus versos se impõem rapidamente na vida literária. Em jornais e revistas, em livretos de tiragens mínimas, eles chamam a atenção mais pela criatividade verbal e pela dicção mobilizadora do que pelas idéias que defendiam. À la Byron, o poeta tinha muito de performer: maquiava-se, empoava as faces e pintava os lábios para, com aparência febril, ir às tavernas e teatros declamar sua poesia.

Ficha Técnica