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Entre Solitários e Solidários, o Empreendedor como Trabalhador Ideal
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Entre Solitários e Solidários, o Empreendedor como Trabalhador Ideal

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Ser empreendedor não é algo raro, disponível a apenas poucos indivíduos. Ao contrário, uma rápida observação mostra-nos como o empreendedor, enquanto identidade e modalidade de atuação, dissemina-se no mercado de trabalho. Microempreendedor individual, empreendedor social, intraempreendedor, empreendedor mirim, empreendedor digital, empreendedor coletivo, mompreneur... Essas diversas nomenclaturas mostram-nos que não apenas há uma grande quantidade de indivíduos empreendendo na atualidade, mas também presenciamos uma surpreendente diversificação de modos de ser empreendedor hoje – variedade tal que possibilita que o empreendedorismo abarque cada vez mais pessoas em suas lógicas e práticas. Contudo nem sempre o cenário foi esse. Até algumas décadas, ser empreendedor era uma atividade restrita a um tipo específico de indivíduo: o homem de meia idade, branco, pertencente à classe média-alta e atua como o “grande capitalista” da indústria, do comércio, do mercado financeiro. Como foi possível, então, que essa atividade se popularizasse e se disseminasse em nossa sociedade, abarcando cada vez mais (e diferentes) indivíduos? Foi esse questionamento que me levou a pesquisar a transformação da figura do empreendedor no Brasil, por meio da análise de discursos em um dos maiores e mais influentes jornais nacional, a Folha de S. Paulo. Analisando quatro décadas de publicações, busco compreender como (e sob quais justificações morais e práticas) o empreendedor vem sendo construído e apresentado como a subjetividade mais adequada à contemporaneidade.

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